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Agarrei no pedaço de pão que tinha pousado quando o Mestre Bernard entrou e segui-o porta fora. Aquela simples túnica negra, a forma como falava e como se deslocava, atribuíam-lhe uma aparência solene. Até a forma como dizia o meu nome, Montt.
Voltámos a entrar no labirinto de ruas estreitas e continuámos a subir. Mestre Bernard não se manteve calado como o seu discípulo.
"Qual é o teu maior medo?", perguntou-me.
Não sabia, ou não queria saber a resposta à pergunta e mantive-me calado.
"Consegues ouvir? Está a haver uma discusão entre um casal?"
Senti-me testado e fiz um esforço para captar todo o som envolvente, seleccionando-o, tal como fazia no cimo do monte quando distinguia os vários instrumentos da banda filarmónica. Não era fácil, a cidade era muito mais barulhenta que a minha aldeia.
"Ela está zangada porque ele não dormiu em casa", respondi-lhe.
Desenhou-se um sorriso nos seus lábios. Senti-me mais seguro, eu era bom naqueles jogos.
Depois de várias voltas, desembocámos em frente de uma muralha. Havia um castelo enorme no meio de Lisboa!
"O que é que tu sabes sobre a lenda de S.Jorge?", perguntou-me.

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