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Depois de sairmos da estação de Santa Apolónia, virámos à direita e entrámos numa rua estreita, à qual se seguiu outra rua estreita e íngreme, escadas, vielas, becos. Senti-me num labirinto, sufocado com a sobrecarga dos meus sentidos. Era uma enchente de cheiros, roupa lavada, esgoto, pão acabado de fazer, lixo, peixe apodrecido, cães vadios, tudo misturado pela brisa quente. Mas não eram só os cheiros, eram os sons do acordar daquelas casas, eram as imagens de coisas novas que se sucediam.
Absorvido por aquele admirável mundo novo, esqueci por momentos a sucessão de eventos do dia anterior. Foram quinze minutos vividos entre o fascínio e a angústia.
Parámos à frente de uma pequena porta, o homem abriu-a e indicou-me que entrasse.
"Deves esperar aí dentro. Encontrarás algo para saciar a fome. Voltaremos a ver-nos Pedro Monte."
Entrei e deparei-me com uma casa quase nua. Sentei-me na sala e aproveitei o leite e o pão que me tinham deixado. A morte do Lobo regressou como um comboio descarrilado e pela primeira vez desde que tinha fugido, as lágrimas invadiram-me os olhos e não as consegui reter.
Não ouvi a porta abrir-se.
"Este não foi um passo fácil, mas foi corajoso. Bem-vindo Pedro Montt."

1 comentário:

Anónimo disse...

Isto e suposto fazer sentido? Ja me perdi. Tenho de ler os posts todos de novo!
A preguiça e muita.

força!